'Times Square' de BH: prédios recebem ofertas milionárias para ter painéis de LED, mas entraves barram projetos
12/07/2025
(Foto: Reprodução) Nova lei permite propagandas luminosas no coração da capital mineira. Propostas chegam a R$ 7,5 milhões pelo aluguel das fachadas dos edifícios. Ideia é contestada por arquitetos e apoiada por lojistas. 'Times Square' de BH: prédios recebem ofertas milionárias para instalar painéis de LED
Edifícios comerciais da Praça Sete, cruzamento mais simbólico do Centro de Belo Horizonte, têm recebido propostas milionárias de empresas interessadas em explorar publicidade digital nas fachadas.
Desde março deste ano, uma lei passou a permitir a instalação de painéis luminosos de LED nos edifícios dessas esquinas. Com a alteração na legislação municipal, o coração da capital mineira pode se transformar numa "réplica" de uma das mais famosas praças do mundo, a nova-iorquina Times Square (veja vídeo acima).
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A medida gerou divergências desde que começou a ser discutida na Câmara Municipal. De um lado, entidades representativas de arquitetos e urbanistas criticam a ideia e defendem intervenções como melhoria da iluminação para pedestres e redução da circulação de carros.
De outro, representantes dos lojistas acreditam que a proposta pode atrair mais movimento e consumo para o Centro.
Vale ressaltar que, pela nova lei, apenas a praça no Centro poderia receber os painéis. A norma também estabelece que as placas luminosas exibam 1 hora diária de conteúdo gratuito para a Prefeitura, em inserções de 30 segundos (entenda regras mais abaixo).
Esta reportagem aborda as negociações em torno da "Times Square de BH" a partir dos seguintes aspectos:
Ofertas de até R$ 7,5 milhões mensais
3 propostas apresentadas, 3 propostas rejeitadas
Sem aval dos órgãos de patrimônio
Prédios e empresas tentam destravar liberações
O que diz a lei da 'Times Square'
Ofertas de até R$ 7,5 milhões mensais
Agora que o plano já conta com aval de vereadores e da Prefeitura, síndicos e administradores ouvidos pelo g1 relatam ofertas de até R$ 250 mil por diária (ou até R$ 7,5 milhões mensais). O valor se refere ao aluguel da fachada para instalação e exibição de conteúdo publicitário, além de pagamentos mensais fixos de percentuais sobre o faturamento.
Em alguns casos, as propostas também incluem compensações mensais para as salas comerciais que tenham a vista obstruída pelos equipamentos.
A obstrução da visão do alto dos prédios é, inclusive, um dos motivos das críticas de arquitetos, que acreditam que a mudança na Praça Sete pode esvaziar escritórios que hoje estão ocupados.
Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte
Raquel Freitas/G1
3 propostas apresentadas, 3 propostas rejeitadas
Três propostas para regularização da instalação de painéis luminosos de LED na região da Praça Sete foram oficialmente apresentadas à Prefeitura de Belo Horizonte desde a aprovação da lei, mas nenhuma delas foi aprovada.
O primeiro protocolo para instalação das propagandas luminosas no "estilo Nova York" foi registrado em 14 de março, poucos dias após a sanção da nova lei. Outros dois foram enviados no início de maio.
As propostas variam entre a instalação de um único painel em edifícios específicos e a ocupação de múltiplas fachadas em diferentes prédios do entorno.
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Sem aval dos órgãos de patrimônio
Nenhum dos pedidos foi aprovado até agora porque, de acordo com a Secretaria Municipal de Política Urbana (SMPU), todas as propostas foram consideradas incompletas por ausência de documentos obrigatórios.
Os pedidos não contemplavam, por exemplo, a liberação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município (CDPCM-BH) ou do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
A autorização desses órgãos é necessária para intervir na fachada de prédios tombados pelo município ou pelo estado. Como a ausência desses documentos impede o licenciamento, ainda não há previsão para instalação dos primeiros painéis na região.
O vídeo abaixo cita a mudança na lei após aprovação pela Câmara Municipal:
Projeto que quer transformar Praça Sete em 'Times Square' segue para sanção da prefeitura
Prédios e empresas tentam destravar liberações
Mesmo diante dos entraves burocráticos, a administração dos prédios, as empresas e as demais entidades interessadas continuam se movimentando nos bastidores para acertar a instalação dos painéis.
Há relatos de que a especulação em torno dos projetos de instalação das propagandas luminosas tenha levado o valor de mercado de algumas unidades comerciais a subir desde a aprovação da nova lei.
Um dos edifícios já adquiriu um painel de 35 metros de largura por 7 metros de altura, que está armazenado no próprio prédio e pronto para ser instalado, assim que houver permissão da Prefeitura.
Para tentar destravar o processo, representantes de pelo menos seis prédios estão se articulando. Em 16 de junho, fizeram uma reunião com representantes do Executivo local e criaram um grupo para alinhar estratégias, esclarecer dúvidas técnicas e promover uma atuação coordenada.
A expectativa é a de que haja uma nova reunião conjunta com o poder público, para ajudar a esclarecer os procedimentos e facilitar o cumprimento das exigências legais.
Alguns condomínios já realizaram assembleias internas e formaram comissões específicas para tratar do tema. Outros, por sua vez, ainda analisam as propostas. Em um dos edifícios, o assunto foi levado ao conselho consultivo, mas ainda não houve definição sobre a adesão ao projeto.
A Secretaria Municipal de Política Urbana afirma que presta apoio técnico aos interessados e trabalha para viabilizar um projeto único e qualificado que contemple os quatro cantos da Praça Sete, respeitando as características históricas da região e promovendo uma ocupação moderna e equilibrada do espaço público.
O que diz a lei da 'Times Square'
A Lei 11.828/2025, sancionada pelo prefeito Álvaro Damião (União Brasil) em 8 de março, criou as chamadas “áreas de promoção da cidade” — espaços com regras mais flexíveis para a instalação de publicidade e ordenamento urbano.
A legislação permite que empresas instalem painéis luminosos de LED em todas as esquinas do cruzamento central da cidade, a Praça Sete, desde que cumpram requisitos técnicos e urbanísticos. Entre eles, estão as seguintes exigências:
Painéis entre 3 e 40 metros de altura;
Ocupação de no máximo 30% da fachada;
Espessura inferior a 1,70m;
1 hora diária de conteúdo gratuito para a Prefeitura, em inserções de 30 segundos;
Não interferência em sinalização de trânsito ou acessibilidade de pedestres;
Anuência obrigatória dos órgãos de patrimônio para prédios tombados ou protegidos.
Até o momento, a Praça Sete é o único espaço da capital que possui o status de "área de promoção da cidade" e que pode receber os painéis luminosos.
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